domingo, 22 de novembro de 2009

Dia com chuva quente...




No dia seguinte a eu ter tirado o gesso, fui com colegas ao Ponto D’encontro. Estivemos lá um bom bocado a conversar. Passado algum tempo, olhámos para a rua e chovia, chovia, chovia…. Com uma intensidade que nenhum de nós se sentia com vontade de regressar a casa. A rua parecia um rio com uma forte corrente. Só os jipes circulavam na estrada! Vimos algumas pessoas a andar à chuva, com os chinelos nas mãos, saco de plástico na cabeça (os oleados, é como chamam aos sacos de plástico) e água quase pelos joelhos. E mesmo a chover com tal intensidade… um calor gostoso!
Daquela janela do café também dava para ver a alegria de uns rapazitos a molharem-se na chuva. Eles estavam a tomar banho! Por baixo de um telhado, pelos canos onde a água é escoada, estava um chuveiro que deveria ter imensa pressão. Ora um rapaz, ora outro debaixo daquela torneira de água, aberta no máximo, com certeza. Um rapazito estava nu e dava pulos debaixo da água. Que alegria, que riqueza!
Alguns colegas meus não resistiram, tiveram de ir buscar a máquina a casa para tirar fotos! E… um trovão, ora outro e mais outro. Trovejava e chovia e nós ainda dentro do café!
Como este café tem ligação ao nosso prédio por uma porta, pedimos aos funcionários que nos abrissem. Ela costuma estar trancada à chave, uma vez que essa passagem nunca é usada. Depois de pagar, um senhor de olhos azuis, chamou-me, falou comigo. Foi engraçado, não estava a perceber nada do que ele dizia e ele era branco! Passado alguns segundos, percebi-o. Era britânico, apontava para a minha perna, dizia que eu tinha de fazer exercícios, perguntou se eu tinha fisioterapia. Após muitos gestos consegui explicar que tinha partido o pé e não o tornozelo e ele aconselhou-me a andar e a subir escadas devagar e, durante dois meses, ter imenso cuidado, não correr, por exemplo. (Este conselho é super fácil de cumprir, se eu correr só haverá duas explicações razoáveis ou estou a fugir ou vou apanhar um comboio e na Guiné não há linha ferroviária). O senhor foi extremamente simpático! Outro homem que estava sentado noutra mesa disse-me que eu estava a falar com um paramédico.
Já no prédio, juntamo-nos vários colegas à varanda a ver a chuva e a trovoada. Comentávamos que a 4L ainda poderia ser puxada pela corrente, imaginamos que estaria encharcada por dentro. A verdade é que no dai seguinte, já sem vestígios da chuva, a 4L custou a pegar.
Nessa mesma noite, fiquei com uma colega a preparar a formação de informática quase até às 2horas da manhã. A formação é para os colaboradores das Oficinas em Língua Portuguesa. São os tais guineenses voluntários que tratam das oficinas, abrem-nas, verificam se estão em ordem, ajudam os utentes das oficinas, são responsáveis pelo bom funcionamento desses centros de recursos. Como vão abrir mais Of. LP é necessário formar colaboradores, para eles saberem as regras e também poderem gerir e tirar o melhor proveito das oficinas. Os colaboradores não ganham nada, a não ser poder usufruir todos os recursos que lá houver. Além disso, estamos a tentar arranjar um fundo de maneio para eles terem direito ao pequeno-almoço, caso vão de manhã, ou lanche, caso estejam na oficina à tarde.

1 comentário: